Votação pela volta do vestibular na UFSM deve ser retomada na semana que vem, sem data definida

Eduarda Paz,Letícia Almansa Klusener

Votação pela volta do vestibular na UFSM deve ser retomada na semana que vem, sem data definida

A resolução que regulamenta as formas de ingresso aos cursos de graduação da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) voltou à pauta em reunião presencial do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) realizada nesta quinta-feira (30), às 8h30min, no 9º andar da Reitoria, campus em Camobi. Contudo, a reunião foi suspensa antes mesmo de ser votada a pauta relacionada a volta do vestibular e do Processo Seletivo Seriado (PSS). A UFSM ainda não informou mais detalhes sobre os desdobramentos de uma nova reunião.

A mudança nas formas de ingresso começou a ser debatida pelo Cepe em reunião no dia 26 de janeiro. Na ocasião, houve pedido de vistas do processo, buscando ampliar a discussão sobre as mudanças. A proposta deverá ser votada pelos 59 conselheiros titulares, entre eles docentes, técnicos-administrativos em Educação, professores e alunos. 

Ato contra o retorno do vestibular

A manhã na UFSM começou com um ato de protesto do Diretório Central dos Estudantes (DCE) e de alunos, em frente a Reitoria, contra o retorno do vestibular como forma de ingresso no Ensino Superior. No início da reunião, representantes da classe estudantil, dos professores e de movimentos sindicais se manifestaram com falas de “é retrocesso na educação, vestibular é processo de exclusão”.

Para o estudante de direito da UFSM Xaimã Pitaguari, um dos alunos que falou antes de começar a reunião, o vestibular indígena está sendo usado na discussão pela pró-reitoria de uma maneira errônea, porque o SiSU não contempla esses estudantes, por causa das diferentes especificidades que apresentam, mas o vestibular indígena é diferente do tradicional. – O vestibular indígena é importante, mas é preciso fazer essa diferenciação entre esses processos de ingresso. O que precisa é a ampliação do SiSU para os outros estudantes e não uma nova forma de ingresso.

Fotos: Eduardo Ramos

Início da votação

O reitor da UFSM, Luciano Schuch, iniciou a reunião falando sobre o reajuste das bolsas da universidade. Segundo ele, o governo federal deve fazer um anúncio para complementar a verba da universidade, que era para ter sido divulgado dia 15 de março. Schuch também ressaltou a participação da universidade na Calourada 2023: 

O coordenador do Diretório Central dos Estudantes, Luiz Boneti, manifestou-se sobre as escritas racistas registradas na universidade. As palavras e símbolos de cunho racistas, afirma ele, não ocorreram apenas no banheiro da união, mas também em mesas do Restaurante Universitário (RU). A partir do encerramento da sessão de comunicação começa o expediente das ordens do dia.

O relator e representante estudantil Daniel Balin apresentou o pedido de vistas com aprovação parcial da proposta da minuta no que diz respeito à oferta de vagas suplementares para atletas de alto rendimento; da oferta de vagas suplementares para estudantes participantes das competições de conhecimento; da oferta de vagas suplementares para pessoas de comunidades quilombolas; de oferta de vagas suplementares para pessoas com deficiência, que tenham realizado parte ou todo o Ensino Médio em escolas privadas e, também, de oferta de vagas suplementares para pessoas com 60 anos ou mais e para pessoas transgênero. 

Além disso, o relator solicita a retirada da minuta da proposta que engloba o retorno do Processo Seletivo Seriado (PSS) e do Vestibular Presencial em detrimento das vagas hoje destinadas ao Sistema de Seleção Unificada (SiSU). Outras questão trazida pelas pessoas contrárias a volta desses processos, é relacionada a segregação de quem vai entrar na universidade, dificultando a vinda de estudantes de outros estados do país.

Posição da UFSM

Uma das falas foi do pró-reitor de Graduação, Jerônimo Tybusch, que comentou sobre as diferentes formas de ingresso já existentes na universidade, como os processos próprios para indígenas e para imigrantes refugiados. Além disso, uma pesquisa realizada pela instituição aborda sobre a problemática da evasão estudantil, muito presente na UFSM. – Quando transformamos a universidade em 100% Sisu não teve assembléia e não teve discussão. E a volta do vestibular e do Processo Seletivo como forma de ingresso está sendo discutida nas coordenações de curso, chefias de departamento, setores de unidades, há mais de um ano e meio. Visitamos todas as unidades com seminário de regulação e planejamento acadêmico discutindo sobre o ingresso, permanência e pós diplomação. Sobre o ingresso, se a universidade é diversa, a entrada dos estudantes precisa ser também. Esse entendimento é baseado em fatos, e um dos fatores que influenciam a evasão é o ingresso.

Para complementar o pró-reitor relata que além desse contexto todo, as análises apresentadas dizem respeito a toda a comunidade. Os exemplos trazidos são da Universidade Federal de Pelotas (Ufpel), que nunca abriu mão do processo seriado, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) trabalha com vestibular e SiSU e a Universidade Federal de Santa Catarina (Ufsc) que tem como forma de ingresso 30% de suas vagas pelo SiSU e 70% pelo vestibular. Para concluir Tybusch afirma que as instituições entendem a importância do SiSU, que ele não vai ser excluído, mas é insuficiente para o preenchimento de vagas.

Antes de encaminhar a votação, o reitor, Luciano Schuch, apontou sobre questões abordadas pelos representantes estudantis e pelos conselheiros de uma maneira geral. Ele destacou a importância das cotas e das ações afirmativas já existentes na UFSM. Além de existir já vagas que não são pelo SiSU, que são as complementares.– Essas vagas surgiram em 2015, porque elas não eram preenchidas. Na chamada regular, nunca conseguimos preencher mais que 43%, pelo SiSU, isso desde o início. E o governo vem mudando as regras, para tentar melhorar o ingresso nas universidades. Se tivéssemos no nosso país, apenas esse sistema, talvez desse certo, mas não pode ser apenas essa opção. Todas as universidades com 100% pelo SiSU, estão estudando outras alternativas de ingresso.

Reunião suspensa

Antes de iniciar a votação, o DCE pautou que sem a participação e a discussão da comunidade de forma ampla, como o diálogo entre os cursos da universidade e sem a apresentação de um relatório detalhado que sustente os problemas do ingresso pelo SiSU, não pode haver a votação. Os estudantes, técnicos-administrativos e representantes de sindicatos que estavam nos corredores escutando a reunião, entraram na sala entoando “sem discussão, não há educação“. Após isso, o reitor declarou a reunião como suspensa e retirou-se do local junto com os conselheiros. Até o momento. Em entrevista a rádio CDN, o pró-reitor de Graduação, informou que a nova data será na semana que vem e que já vai começar pela votação. A coletiva de imprensa que estava prevista para o final da votação também não ocorreu.

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